Falésias...
As belas e perigosas
construções da natureza
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252010000200003
O oceano
Atlântico banha o litoral brasileiro que se estende por mais de 8 mil
quilômetros, predominados por costas baixas. Mas, por vezes, a terra firme se
impõe ao mar por meio de escarpas com inclinação acentuada. Surgem, aí, as
falésias, esculpidas principalmente pela ação erosiva das ondas do mar.
Por sua
beleza e pela possibilidade de vista panorâmica, essas formações naturais
atraem a instalação de grandes complexos hoteleiros, condomínios e turismo
predatório que acabam por comprometer sua existência e as transformam em áreas
de risco de desmoronamento.
As falésias
no Brasil ocorrem principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste, onde se
alternam com praias, dunas, mangues, recifes, baías e restingas, e conferem
singularidade à paisagem litorânea. José Maria Landim Dominguez, professor
titular em geologia costeira e sedimentar da Universidade Federal da Bahia
(UFBA), explica que na zona costeira entre Rio de Janeiro e Pará ocorre uma
unidade geológica conhecida como Formação Barreiras. "Nos trechos onde
existe um déficit no balanço de sedimentos, a Formação Barreiras alcança a
linha de costa formando falésias". Essa unidade geológica é constituída de
rochas pouco consolidadas, o que as torna muito susceptíveis à erosão pela ação
das ondas do mar e das águas da chuva.
O potencial
turístico da região litorânea, e em especial do Nordeste brasileiro, tem sido
apontado em diversos estudos que destacam seus atributos naturais, culturais e
a abundância de mão-de-obra com custos baixos. As áreas onde ocorrem as
falésias possuem um atrativo especial para o turista: é o mar visto de cima.
Ronaldo Fernandes Diniz, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), considera que "juntamente com as
praias arenosas e dunas locais, as falésias do Nordeste constituem paisagens de
rara beleza e, portanto, de grande valor para as atividades turísticas e o
desenvolvimento regional".
Nos últimos
anos, o número de empreendimentos turísticos no Nordeste aumentou muito e há um
grande crescimento de complexos hoteleiros nas bordas das falésias. Luiz
Gonzaga Godói Trigo, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
Universidade de São Paulo (USP), aponta que de norte a sul do Brasil as áreas
litorâneas têm sido ocupadas intensa e irregularmente e não apenas por
empreendimentos hoteleiros. "Hotéis, condomínios privados de difícil
fiscalização e grandes centros comerciais ocupam bordas de falésias e
manguezais, sabidamente áreas de risco".
Entre Recife e o Cabo de Santo
Agostinho, em Pernambuco, por exemplo, existem muitas falésias com manguezais
entre elas. Nessa região estão sendo construídos vários hotéis e condomínios,
além da Refinaria Abreu Lima, da Petrobras, e do Complexo Industrial Portuário
de Suape. Segundo Luiz Trigo, "tudo isso visa principalmente um
desenvolvimento rápido da região, mas sem levar em conta a conservação
ambiental". A legislação existe, mas é pouco cumprida. Autor de mais de
vinte livros sobre turismo, Trigo denuncia: "no litoral do Nordeste o
problema maior não são os hotéis.
Muitos estrangeiros estão comprando casas de condomínios privados, inclusive em áreas de preservação, e promovem o turismo sexual. Nesses locais, a fiscalização é muito mais difícil". Segundo ele, nos hotéis de grandes corporações, principalmente nos que recebem turistas estrangeiros, a conservação ambiental é uma estratégia de marketing, pois alguns deles não aceitam frequentar hotéis que causam impacto no ambiente.
Muitos estrangeiros estão comprando casas de condomínios privados, inclusive em áreas de preservação, e promovem o turismo sexual. Nesses locais, a fiscalização é muito mais difícil". Segundo ele, nos hotéis de grandes corporações, principalmente nos que recebem turistas estrangeiros, a conservação ambiental é uma estratégia de marketing, pois alguns deles não aceitam frequentar hotéis que causam impacto no ambiente.
Nas falésias,
o processo erosivo atua em duas frentes: na base, pela ação das ondas e
correntes marinhas; e no topo, pela ação das águas da chuva. As ondas escavam a
base das falésias e provocam desmoronamentos. Isto, combinado com a ação das
águas pluviais, faz com que as falésias recuem em direção ao continente.
O
geólogo Landim explica que esse recuo depende dos materiais geológicos.
Falésias esculpidas em rochas cristalinas mais resistentes recuam muito
lentamente, de modo quase imperceptível. "A cidade de Salvador, na Bahia,
por exemplo, está sobre falésias de rochas cristalinas, com a cidade alta no
topo e a cidade baixa na base. Existem vários prédios na borda da escarpa, mas
como as rochas são resistentes, o risco é pequeno", diz Landim.
Por outro
lado, falésias esculpidas em rochas sedimentares ou em sedimentos pouco
consolidados recuam rapidamente. "Isto é o que acontece em grande parte do
Nordeste brasileiro", acrescenta.
Falésias são
naturalmente áreas de risco, pois estão constantemente submetidas ao processo
erosivo que favorece desmoronamentos, tanto no topo, como na base da falésia.
"Existem casos de banhistas que morreram porque estavam descansando na
base de uma falésia, ou caminhando muito próximo à sua borda", afirma
Landim, "e qualquer construção ou estrutura humana, seja na base, seja no
topo das falésias estará ameaçada pelo recuo erosivo da linha de costa".
Um exemplo
dessa dinâmica é o Cabo Branco, na Paraíba, uma falésia de 40 metros de altura
formada por rocha calcária, que já foi considerado o ponto mais oriental da
América. Perdeu o título para a Ponta do Seixas, situada 3 km ao sul. Isto
porque a erosão marinha promoveu o desgaste do Cabo Branco. Os sedimentos
erodidos foram depositados na Ponta do Seixas, fazendo com que esta avançasse uns
200 m no mar.
As falésias
são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP) pela Resolução nº 303/02
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que proíbe qualquer tipo de
ocupação numa faixa de cem metros, contados da sua borda. Entretanto, apesar de
protegidas pela legislação, existem muitas ocupações irregulares em bordas de
falésias, que causam fortes impactos ambientais. Ronaldo Diniz cita como
principais a aceleração do processo erosivo natural, o comprometimento do valor
estético da paisagem, o acúmulo de lixo e entulhos e a contaminação do lençol
freático. "Esses impactos aumentam a incidência de desmoronamentos e de
escorregamentos, principalmente em períodos com maiores precipitações
pluviométricas", complementa Ronaldo Diniz.
TURISMO E NATUREZA EM HARMONIA
Especialistas consideram que o turismo é uma atividade que deve
ser sustentável em termos econômicos, sociais e ambientais. Para evitar
impactos ambientais são necessários planejamentos e zoneamentos que considerem
a capacidade de carga dos ecossistemas envolvidos. A capacidade de carga é o
máximo de uso possível de um ecossistema sem causar efeitos negativos sobre os
recursos biológicos, sem reduzir a satisfação dos visitantes e nem produzir
efeito adverso sobre a sociedade receptora, a economia ou a cultura local.
Para Luiz
Trigo, um dos exemplos no Brasil de que é possível conciliar conservação
ambiental e turismo em área litorânea é a Riviera de São Lourenço, no litoral
norte de São Paulo. Projetada considerando a capacidade de carga, conta com
normas rígidas para o uso e ocupação do solo. O mesmo não acontece no Jardim
São Lourenço, bairro ao lado onde, por falta de licenças ou atraso na sua
obtenção, os condomínios residenciais estão atualmente com a construção
atrasada ou embargada.
Outro exemplo
de preservação e turismo sustentável apontado por Luiz Trigo são os parques
nacionais dos Estados Unidos e do Canadá: "As comunidades, que estavam nas
áreas antes da criação dos parques, permaneceram no local e preservam
rigorosamente suas terras, pois possuem consciência ambiental; o retorno é a
valorização do patrimônio".
No Brasil, esforços têm sido feitos e o Plano
Nacional de Turismo (PNT 2007/2010) foi elaborado com a colaboração de
diferentes segmentos relacionados com turismo. O objetivo principal é ser um indutor
da inclusão social, por meio da criação de novos postos de trabalho, ocupação e
renda, e pela absorção de novos turistas no mercado interno. Mas não bastam
planos. "Hoje temos política, mas falta fiscalização, agilidade do
Judiciário e responsabilidade social do consumidor de turismo", enfatiza
Luiz Trigo.
Falésias
podem ser encontradas em várias regiões do mundo e, em muitas, há turismo
intenso: Algarves, em Portugal; ilha de Capri, na Itália; Étretat, na França;
na falésia de Moher, na Irlanda, e em muitas outras. Em Moher, por exemplo,
existe um centro de visitas com uma galeria subterrânea onde fotografias,
filmes e textos apresentam a falésia ao público visitante. A área da falésia é
considerada, desde 1988, Área de Refúgio de Fauna e, a partir de 1989, passou a
ser também um Setor de Proteção Especial para Pássaros.
A atividade
turística em área de falésia é viável, desde que se respeite a legislação
vigente. "Em áreas próximas às bordas das falésias devem ser evitados
edificações, tráfego de veículos, alterações no fluxo natural de água pluvial,
deposição de lixo e entulhos e exploração turística acima da capacidade de
suporte local", afirma Ronaldo Diniz. Landim acrescenta que é necessário
disciplinar o uso do solo, nas áreas próximas à borda das falésias.
É preciso
estabelecer faixas de recuo baseadas em projeções de taxas históricas de erosão
da linha de costa para uma determinada localidade; proibir intervenções
humanas, como jardins e fossas, que provocam aumento da entrada de água no solo
e, consequentemente, aumento do risco de desmoronamento; e impedir que se
construam obras de estabilização na forma de muros na base das falésias, que
afetam a dinâmica de transporte e deposição de sedimentos, exacerbando os
processos erosivos nas áreas vizinhas. O professor acrescenta que "o recuo
erosivo das falésias é um processo natural, portanto qualquer ocupação humana
deve fornecer amplo espaço para que esse fenômeno siga o seu curso".
Leonor Assad
© 2015
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UM MOMENTO DE REFLEXÃO
Além de tudo isto abordado acima, aonde vem
mostrar como por exemplo, que ‘Falésias’...São
unidades geológicas constituídas de rochas pouco consolidadas, o que as torna
muito susceptíveis à erosão pela ação das ondas do mar e das águas da chuva...E
principalmente “Construções Civis...E Rodoviárias...Em cima delas...
Entretanto,
possui outro ‘Agravante Geológico “... Estudando o
comportamento “Geofísico” das “Falésias Costeiras”...Principalmente, as
falésias de formação geológicas com solos lateríticos, com estruturas físicas de
argilas e siltes... E não de formação geológica cristalinas, ou seja, de
formações rochosas... São susceptíveis, a permanentes impercebíveis abalos
sísmicos... Impercebíveis a olho nu... Todavia, visíveis, através de
sismógrafos... Partindo desses pressupostos, imagino, que a Falésia do Cabo
Branco, sofre com as “Intempéries”...Desses supostos abalos sísmicos...
Para se melhor,
compreender isto...Vamos voltar no Túnel do Tempo...
Provavelmente, a milhares ou milhões de anos
atrás...A falésia do Cabo Branco...Tinha um topografia mais Oriental do que a
de hoje...Ou seja, tinha uma maior porção de terra...Que avançava ao oceano
atlântico...Entretanto, as intempéries da natureza...Ao logo desses milhares ou
milhões de anos atrás...Degradou a tal ponto...A falésia do Cabo Branco...Ao
ponto que se encontra hoje...Entretanto, isto que dizer que, com o recuo da
barreira do Cabo Branco...A crosta ou plataforma, que a parte erodida da
falésia do Cabo Branco que supostamente, estava sobreposta...Naturalmente,
perdeu seu equilíbrio hidrostático...Ficando a Barreira do Cabo Branco
atual...A mercê do “Vai e Vem” das marés “Alta Baixa” do mar...Que por via de
conseqüência...Ocasionando a porção de terra da atual Falésia do Cabo Branco...
A repetitivos movimentos hidrodinâmicos e hidrostáticos, da descarga e
sobrecarga das marés oceânicas...
Que consequentemente, suscitando a Falésia do Cabo
Branco... Diariamente, a sucessivos impercebíveis (pequeníssimos) abalos
sísmicos... Em suma, é providencial em caráter de urgência urgentíssima...
Construir um “ Muro de Contenção” Da Barreira da Falésia do Cabo Branco,
recompondo sua parte já perdida, com material(solo) idêntico ou similar, isto
é, com índices físicos(granulométrica e plasticidade), que se assemelham com o
já existente, com seu devido reflorestamento...No ‘Estilo Paisagístico’...De
Burle Marx...No ensejo, criando o
“Parque
Ecológico Ponto do Seixas"
http://parqueecologicocanionverde.blogspot.com.br/2015_03_01_archive.html
Por outro lado, este suposto “Muro de Contenção”...
ou seja, na sua parte frontal, se abriria, um grande “Painel Artístico”,
que possibilitasse os “Artista Plásticos”, Paraibanos e Brasileiros, a
desenvolverem os seus trabalhos artísticos...Vocacionando, o Cabo Branco, de
fato, com gloria e honra, “ O Ponto mais Oriental das Américas”. “ Aonde o Sol
nasce Primeiro”...
Em suma, diante desses pressupostos
(propostas)... Seria interessante que os Poderes Públicos Constituídos
(Municipal, Estadual e Federal)...Juntassem “Esforços”...No sentido de
“Provocarem”...Junto a ONU(Organização das Nações Unidas)...O
“Tombamento”...Do “Ponto do Seixas”... O Ponto mais Oriental das Américas...
Como “Patrimônio da Humanidade”...Pois, o “Ponto do Seixas”...”Geograficamente
Falando”...Não só pertence a João Pessoa, Paraíba, Nordeste, Brasil...Pertence
também, as “Américas”(do Sul ou do Norte)...E por está contido dentro do
Hemisfério Sul...E ser o Ponto do Seixas...O Ponto mais Oriental das
Américas...E dos “Ameríndios”...
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Povos_amer%C3%ADndios )
DO ESCRITOR DO LIVRO
ÁGUA: A ESSÊNCIA DA VIDA
PEDRO SEVERINO DE SOUSA
JOÃO PESSOA (PB), 04.04.2015