sábado, 7 de setembro de 2013

O que são os cânions? Como eles surgiram?




               

 O que são os cânions? Como eles surgiram?

Por Rodrigo Ratier


Cânions são vales profundos com encostas quase verticais, que podem se estender por centenas de quilômetros e atingir até 5 mil metros de profundidade. À primeira vista, quem observa esses gigantescos entalhes na superfície do planeta poderia imaginar que eles foram criados de uma hora para outra por algum fenômeno catastrófico, como um terremoto capaz de abrir a terra e gerar um precipício. Nada disso: em geral, os cânions têm um aprofundamento lento, que pode durar milhões de anos.

Os autores principais dessas obras de arte são os rios. "Dependendo da declividade do terreno, da quantidade de água e das fraturas do relevo, um curso d’água tem a capacidade de entalhar as rochas do leito por onde corre, dando origem aos paredões", afirma a geógrafa Lylian Coltrinari, da Universidade de São Paulo (USP). Entretanto, um rio não constrói um cânion sozinho. Nesse processo, também desempenham um papel importante os chamados soerguimentos, processos de choque e deslocamento de placas no interior da crosta terrestre que elevam gradualmente o relevo da região.

Conforme o terreno sobe, os rios que correm na superfície começam a ganhar velocidade e a aprofundar seus leitos, aumentando a altura dos paredões. Para os cientistas, os cânions possibilitam entender a origem das rochas e do relevo de uma região. Numa imagem aproximada, se a gente comparar a Terra com uma cebola, um cânion é como um corte de faca que revela algumas camadas da casca do "vegetal" rochoso em que vivemos. Mas os cânions de hoje não são retratos exatos do passado. "Além da contínua erosão fluvial, a ação do calor, do vento, do gelo e da própria gravidade terrestre, que causa desmoronamentos, modificou o aspecto dessas feições ao longo do tempo", diz Lylian.


Mergulhe nessa
Na livraria:

A Terra, João Guizzo (edição) e Lylian Coltrinari (tradução), Ática, 1994
Beleza americanaFamoso pelos abismos radicais, o Grand Canyon tem paredões com quase 2 mil metros de altura

TRINCHEIRA COLORIDA
A ação de milhões de anos de erosão fluvial expõe paredões rochosos com até 1 800 metros de profundidade. Por uma longa extensão, o cânion é predominantemente vermelho. Em outros trechos, cada estrato de rocha tem sua cor específica, compondo uma aquarela que inclui faixas amarelo-claras, cinza, verdes, rosas e violetas

ESCAVADEIRA NATURAL

Carregando sedimentos por 6 milhões de anos, o rio Colorado é o grande escultor do local. Sua capacidade de erosão é impressionante: antes da inauguração da represa de Glen Canyon em seu leito, em 1963, pesquisadores estimaram que o rio arrastava cerca de 500 mil toneladas de sedimentos por dia. Completando o trabalho, dezenas de afluentes escavam seus próprios vales, alimentados pela chuva ou pela neve de regiões mais elevadas

CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA

Entalhado em um planalto, o Grand Canyon se estende por 445 quilômetros no noroestedo Arizona, nos Estados Unidos. O local é uma das atrações naturais mais populares do país. Todos os anos, cerca de 5 milhões de pessoas visitam o parque nacional que abriga os vales profundos

GEOLOGIA REVELADA

Em boa parte de sua extensão, os paredões do Grand Canyon são compostos pelas chamadas rochas sedimentares, que se caracterizam por apresentar camadas que se depositam uma sobre a outra com o decorrer do tempo e contam a história geológica do local. Só para dar uma idéia da "idade" da região, basta dizer que as rochas das camadas mais profundas se formaram há cerca de 2,5 bilhões de anos Outros desfiladeirosFormação asiática leva o título de maior do mundo.

Yarlung zangbo (China)

Explorado apenas na década de 90, esse cânion roubou do Grand Canyon o posto de maior do planeta. Em 496 quilômetros de extensão, os paredões chegam a 5 mil metros de altura Itaimbezinho (Brasil).

Em tupi-guarani, o nome do cânion mais famoso do país quer dizer "pedra cortante". Fica no Rio Grande do Sul, tem 6 quilômetros de extensão e paredões de 700 metros de altura

Rio Fish (Namíbia)

Escavado no sul do continente africano, esse cânion é um dos mais extensos do mundo, com 160 quilômetros. Seus desfiladeiros, porém, não são tão grandes e têm em média 500 metros de altura

Colca (Peru)

Considerado o exemplo de erosão mais profunda da cordilheira dos Andes, esse cânion de mais de 100 quilômetros de extensão tem desfiladeiros com até 3 mil metros de profundidade

Barranca Del Cobre (México)

Esse sistema de vales localizado em uma área montanhosa junto à fronteira com os Estados Unidos engloba seis cânions principais. O mais profundo tem paredões de 1 840 metros
  

Fonte:  Mundo Estranho







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